O sumo prazer humano
Sente o ser que é seduzido
Não apenas pela leitura
Mas, sobretudo, pelo livro
Porque o livro é o corpo
E a leitura, o espírito...
Sente o ser que é seduzido
Não apenas pela leitura
Mas, sobretudo, pelo livro
Porque o livro é o corpo
E a leitura, o espírito...
Justificativa:
A aprendizagem significativa está ligada ao grau de
interesse dos educandos, nas relações emotivas e no grau de prazer que este
momento pode propiciar. O ato de ler, interpretar e a contação de histórias são
instrumentos importantes na formação e aperfeiçoamento das capacidades
criativas dos educandos. Afinal, quem pode ficar insensível às emoções
despertadas na escuta? Quem pode negar a relevância da escrita na extrapolação
das ideias e sentimentos do indivíduo?Este projeto tem como pretensão incentivar
o despertar artístico e o gosto
literário dos alunos além de
proporcionar momentos de interação e
de pura “sedução literária” . Ele também abordará
a importância da biblioteca no
ambiente escolar a serviço do educando leitor.
O PROJETO “ALUNO LEITOR
NA EJA” envolverá um trabalho
transdisciplinar entre saberes construídos nas linguagens artísticas e a
pluralidade cultural.
Como educadores , acreditamos que projetos assim são muito importantes
para uma significativa construção,
valorização e interação multicultural.
APRESENTAÇÃO DO PROJETO ( 21/05/2012 ):
. Dramatização do CONTO “FLOR,TELEFONE,MOÇA” de Carlos D. de Andrade;
Obs: Para quem não conhece o lado soturno de um dos maiores escritores nacionais , confira a leitura abaixo : ( o texto foi adaptado para dramatização).Extraído do livro "CONTOS DE APRENDIZ", de Carlos Drummond de Andrade, 1951. Editora Record, 22ªedição, Rio de Janeiro.
FLOR, TELEFONE, MOÇA
Era uma moça que morava na Rua Gerenal Polidoro,perto do Cemitério São João Batista no RJ. Quem mora por ali, queira ou não queira, tem de tomar conhecimento da morte. Toda hora está passando enterro, e a gente acaba por se interessar. Não é tão empolgante como casamentos ou carruagem de rei, mas sempre merece ser olhado. A moça, naturalmente, gostava mais de ver passar enterro do que não ver nada. E se fosse ficar triste diante de tanto corpo desfilando, havia de estar bem arranjada. Mas por preguiça ou pela curiosidade dos enterros, sei lá por que deu para andar em São João Batista, comtemplando túmulo. Coitada!
De tarde costumava passear – ou melhor, "deslizar" pelo cemitério, mergulhada em cisma.. Olhava uma inscrição, ou não olhava, descobria uma figura de anjinho, comparava as covas ricas às covas pobres, fazia cálculos de idade dos defuntos... E foi assim, uma tarde, que ela apanhou a flor... Uma flor qualquer. Margarida, por exemplo. Ou cravo. Apanhou com esse gesto vago e maquinal que a gente tem diante de um pé de flor. Apanha, leva ao nariz ,depois amassa a flor, joga para um canto. Nào se pensa mais nisso.Se a moça jogou a margarida no chão do cemitério ou no chão da rua, quando voltou para casa, também ignoro. O certo é que já tinha voltado, estava em casa bem quietinha havia poucos minutos, quando o telefone tocou, ela atendeu.
– Aloooô...
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
A voz era longínqua, pausada, surda. Mas a moça riu. E, meio sem compreender:
A voz era longínqua, pausada, surda. Mas a moça riu. E, meio sem compreender:
– O quê?
Desligou. Voltou para o quarto, para as suas obrigações. Cinco minutos depois, o telefone chamava de novo.
– Alô.
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
Cinco minutos dão para a pessoa mais sem imaginação sustentar um trote. A moça riu de novo, mas preparada.
– Está aqui comigo, vem buscar.
No mesmo tom lento, severo, triste, a voz respondeu:
– Quero a flor que você me furtou. Me dá minha florzinha.
Era homem, era mulher? Tão distante, a voz fazia-se entender, mas não se identificava. A moça topou a conversa:
– Vem buscar, estou te dizendo.
– Você bem sabe que eu não posso buscar coisa nenhuma, minha filha. Quero minha flor, você tem obrigação de devolver.
– Mas quem está falando aí?
– Me dá minha flor, eu estou te suplicando.
– Diga o nome, senão eu não dou.
– Me dá minha flor, você não precisa dela e eu preciso. Quero minha flor, que nasceu na minha sepultura.
O trote era estúpido, não variava, e moça, enjoando logo, desligou. Naquele dia não houve mais nada.
Mas no outro dia houve. À mesma hora o telefone tocou. A moça, inocente, foi atender.
– Alô!
– Quede a flor...
Não ouviu mais. Jogou o fone no gancho, nervosa. Mas que brincadeira é essa! Irritada voltou aos seus afazeres. Não demorou muito, o telefone tocou outra vez...
– ALÔ!
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
– Essa é fraquinha. Não sabe de outra?
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
– Essa é fraquinha. Não sabe de outra?
– Você tem que dar conta de minha flor, retrucou a voz de queixa. Pra que foi mexer logo na minha cova? Você tem tudo no mundo, eu, pobre de mim, já acabei. Me faz muita falta aquela flor.
Irritadíssima, a moça desligou. Mas, voltando ao quarto, já não ia só. Levava consigo a ideia daquela flor, ou antes, a ideia daquela pessoa idiota que a vira arrancar uma flor no cemitério, e agora a aborrecia pelo telefone. Quem poderia ser? Não se lembrava de ter visto nenhum conhecido. Certamente se tratava de voz disfarçada, mas tão bem que não se podia saber ao certo se de homem ou de mulher. Esquisito, uma voz fria. E vinha de longe, como de interurbano. Parecia vir de mais longe ainda... Você está vendo que a moça começou a ter medo.E aquela noite ela custou a dormir. E daí por diante é que não dormiu mesmo nada.Sempre a mesma hora o telefone tocava...
– Alô.
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
A voz não ameaçava,
só implorava. No quinto ou sexto dia, ouviu firme a ladainha da voz e depois passou-lhe
um sermão...
– Alô.
– Quede a flor que
você tirou de minha sepultura?
- Olha aqui , seu
desocupado! Deixe de ser imbecil e acabe com essa marmota senão irei tomar as
minhas providências...
A providência consistiu
em avisar o pai.
O telefone tocou
novamente e ...
– Alô!
– Quede a flor da minha sepultura?
- Ora, seu infeliz! Vá bater uma enxada ou lavar uma
trouxa de roupa e deixe minha filha em
paz !
Pelo telefone, o
pai disse as últimas à voz suplicante.
Estava convencido de que se tratava de algum engraçado absolutamente sem
graça...Mas xingamentos não adiantavam! Era preciso usar o cérebro... Indagar, apurar na vizinhança, vigiar os telefones
públicos, perguntar a todo mundo... Infelizmente, nada adiantou! Como descobrir
então? Claro que a moça deixou de atender telefone. Não falava mais nem com as
amigas. ..Isso durante quinze dias, um mês...sei lá. O pai não queria escândalos, mas teve de queixar-se
à polícia.
– Mas é a
tranquilidade de um lar que eu venho pedir ao senhor! É o sossego de minha
filha, de minha casa. Serei obrigado a me privar de telefone?
Ou a polícia estava
muito ocupada em prender trombadinha, ou investigações telefônicas não eram sua
especialidade – o fato é que não se apurou nada...
E a voz sempre
mendigando a flor...
– Alô.
– Quede a flor da minha sepultura?
E a moça a cada dia
que passava ia perdendo o apetite e a
coragem. Andava pálida, sem ânimo para sair à rua . Quem disse que ela queria
mais ver enterro passando? Sentia-se miserável, escravizada a uma voz, a uma
flor, a um vago defunto que nem sequer conhecia. Porque nem mesmo se lembrava
da cova de onde arrancara aquela maldita flor. Se ao menos soubesse...O pai
resolveu então ir ao cemitério com a filha e colocar flores nas sepulturas...Mas
a "voz" não se deixou consolar ou subornar.
– Alô...
– Quede a flor da minha sepultura?
Nenhuma outra flor
lhe convinha senão aquela, miúda, amarrotada, esquecida, que ficara rolando no
pó e já não existia mais. As outras vinham de outra terra, não brotaram de seu
estrume .Flores, missas, espiritismo ... o que será que adiantaria?
O pai jogou a última cartada.. Descobriu uma mãe de santo fortíssima, a quem expôs longamente o caso, e
pediu-lhe que estabelecesse contato com a alma desencarnada . Compareceu a inúmeras sessões,
mas os poderes sobrenaturais se recusaram a cooperar. E a voz continuou, surda,
infeliz, metódica...
– Alô.
– Quede a flor da minha sepultura?
Se era mesmo de vivo
seria de alguém que houvesse perdido toda noção de misericórdia; e se era de
morto, como julgar, como vencer os mortos? De qualquer modo, havia no apelo uma
tristeza úmida, uma infelicidade tamanha que fazia esquecer o seu sentido
cruel, e refletir: até a maldade pode ser triste...
– Alô.
– Quede a flor da minha sepultura?
Não era possível
compreender mais do que isso. Alguém pede insistentemente uma certa flor, e
esta flor não existe mais para lhe ser dada...
– AlôôôÔÔ.
– Quede a flor da minha sepultura?
Foi demais para a pobre moça... E a voz? A voz... nunca mais pediu...
* * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Personagens :
ALMA PENADA - Mirian ( Vice-diretora)
MOÇA - Maria ( Agente de Informática )
PAI DA MOÇA - Geraldo ( Porteiro "faz tudo" )
MÃE DE SANTO - Daniela ( Aux. de Secretaria)
POLÍCIA - Magno ( Guarda Municipal)
FIGURANTES ( "Hora do cortejo fúnebre" ): Sara , Mateus e Marcela .
CONTRA-REGRA : Eliane ( Aux. de Biblioteca)
NARRAÇÃO ,SONOPLASTIA E DIREÇÃO DA PEÇA : Cristina ( Coordenadora )
ALGUNS MOMENTOS DO EVENTO:
Mirian, Maria, Cristina, Eliane, Geraldo e Daniela felizes com o sucesso do Projeto...
Mirian e Maria ( "Alma Penada" e a" Moça ") em clima de amizade...(?)rsrsrs
Mirian, Magno, Maria e Daniela fazendo pose...
Detalhes do cenário...
Claudia Sanches ( professora da EJA afastada temporariamente da EMRCV a serviço da SMED) : Convidada especial !
Cês tão chique dmais da conta hein... Grazi
ResponderExcluirQue legal pessoal!!!! Eu perdi a peça. Na próxima quero sr informada viu???
ResponderExcluirValeu, garotas! Pode deixar que guardaremos a 1ª fila pra vocês! Beijão.
ResponderExcluirQue lindo! Ficou tudo nota 10. Beijos
ResponderExcluir