segunda-feira, 12 de março de 2012

          A seguir apresento alguns  projetos / relatos de oficinas que  estão sendo   trabalhados   com os  alunos da EJA    desde o 1º semestre de 2011  . As oficinas foram sugeridas  por Susana Huerga no livro “EJA, Planejamento, Metodologia e Avaliação”. O plano de oficina detalhado abaixo  tem nos  auxiliado muito no trabalho com a memória e identidades dos alunos , valorizando suas histórias de vida, fortalecendo suas identidades pessoais , de classe, gênero, etnia, etc., e simultaneamente promovendo “encontros” entre pessoas  de modo fraterno e solidário. 


OFICINA : MEMÓRIA E IDENTIDADES

. Leitura do livro “Guilherme Augusto Araújo Fernandes” até a parte em que Guilherme decide procurar memórias para Dona Antônia  , já que ela havia perdido as suas.
. Foi entregue aos  alunos   uma caixa de sapatos ( previamente solicitada  a cada um deles  e guardada para esta ocasião ) e cinco pequenos papéis coloridos para que cada participante confeccionasse “sua” caixa de memórias , a partir das seguintes lembranças de sua vida :  (OBS :cada frase abaixo foi escrita em um papel )


Algo bem antigo
Algo que o faz chorar
Algo que o faz rir
Algo quente
Algo que vale ouro

. Foi marcada  uma data para que o aluno trouxesse a sua “caixa de memórias” para a aula.

. No dia da entrega da “caixa de memórias”  foi  finalizada a leitura do livro e  apresentadas  as “memórias” ( objetos ) que Guilherme trouxe para D. Antônia. Foi também discutido  com o grupo a relação das memórias e D. Antônia (  como essas mesmas memórias são percebidas por ela).

. Ao  aluno foi dada a oportunidade de  expor as suas lembranças para a turma explicando o significado de cada uma . OBS: O mais interessante nesta atividade foi o envolvimento da classe . Todos, sem exceção, quiseram mostrar o que haviam trago e mesmo aqueles mais tímidos se posicionaram diante dos colegas falando um pouquinho de si.  Foi uma experiência muito significativa.
. A partir deste trabalho podemos  refletir sobre as seguintes questões:
- As memórias possuem  somente significados pessoais ?
- Podemos, a partir de memórias individuais, constituirmos memórias coletivas?
- O que são memórias privadas e públicas?
- Que significados podem ter na vida privada e na vida pública?


P.S : O mais interessante é que essa oficina pode ser desevolvida em qualquer etapa ( desde os alfabetizandos até os concluintes).

domingo, 11 de março de 2012


“O ensino deve buscar através da educação a formação de um sujeito que seja ser humano, que se realize como ser social mesmo sendo singular. Que o ensine a agir nele e sobre o mundo. Que faça com que encontre a necessidade de aprender dentro dele mesmo e nas relações com as pessoas.”


( CHARLOT, BERNARD )

Dando seguimento ao PROJETO GERAL “EU AMO A EJA RADICALMENTE” desenvolvido na escola  desde 2008, foram realizadas atividades  que buscaram sempre “um olhar diferenciado” por  parte  dos envolvidos. Olhar este , meticulosamente  tecido na reflexão e na ação docente.

Neste contexto, dentre as atividades desenvolvidas em 2011 e 2012 destaco uma em especial : o trabalho com  os  “VALORES  HUMANOS”. A ideia deste projeto surgiu da necessidade de promover uma interlocução entre professores, alunos e comunidade escolar na tentativa de possibilitar, mesmo que modestamente, a formação de seres  renovados , contribuintes da construção de um mundo melhor com homens e mulheres mais conscientes do seu papel na sociedade.  Daí a razão que me fez considerar este projeto tão especial a ponto de citá-lo nesse blogger.

As práticas pedagógicas desenvolvidas na EJA em minha escola , além de significativas são também muito prazerosas. Elas nos  oportunizam variadas experiências com memórias individuais /coletivas , envolvendo fundamentalmente , mas não só, os acontecimentos, pessoas e lugares. Essas práticas também têm oferecido enriquecedoras possibilidades de discussão sobre  elementos    constituídos , tais  como :     subjetividades,   tempos   ,    espaços e identidades.
 

"SEM O DENSO TECIDO DAS RELAÇÕES SOCIAIS SIMPLESMENTE NÃO HÁ HUMANIDADE."


THOMAS BOTTOMORE