terça-feira, 22 de maio de 2012



             PROJETO "ALUNO LEITOR NA EJA"

O sumo prazer humano
Sente o ser que é seduzido
Não apenas pela leitura
Mas, sobretudo, pelo livro
Porque o livro é o corpo
E a leitura, o espírito...


Justificativa:

A aprendizagem significativa está ligada ao grau de interesse dos educandos, nas relações emotivas e no grau de prazer que este momento pode propiciar. O ato de ler, interpretar e a contação de histórias são instrumentos importantes na formação e aperfeiçoamento das capacidades criativas dos educandos. Afinal, quem pode ficar insensível às emoções despertadas na escuta? Quem pode negar a relevância da escrita na extrapolação das ideias e sentimentos do indivíduo?Este projeto  tem como pretensão  incentivar    o despertar artístico e o gosto literário dos alunos além de  proporcionar momentos de interação e  de pura “sedução literária” . Ele também  abordará   a importância da biblioteca no ambiente escolar a serviço do educando leitor.
O PROJETO “ALUNO LEITOR NA EJA”  envolverá um trabalho transdisciplinar entre saberes construídos nas linguagens artísticas e a pluralidade cultural.
Como educadores , acreditamos  que projetos assim são muito importantes para uma significativa  construção, valorização e interação multicultural.

APRESENTAÇÃO DO PROJETO ( 21/05/2012 ):
 . Dramatização do CONTO “FLOR,TELEFONE,MOÇA” de  Carlos D. de Andrade;
 Obs: Para quem não conhece o lado soturno de um dos maiores escritores nacionais , confira a leitura abaixo : ( o texto foi adaptado para dramatização).Extraído do livro "CONTOS DE APRENDIZ", de Carlos Drummond de Andrade, 1951. Editora Record, 22ªedição, Rio de Janeiro.


FLOR, TELEFONE, MOÇA
Era uma moça que morava na Rua Gerenal Polidoro,perto do Cemitério São João Batista no RJ.  Quem mora por ali, queira ou não queira, tem de tomar conhecimento da morte. Toda hora está passando enterro, e a gente acaba por se interessar. Não é tão empolgante como casamentos ou carruagem de rei, mas sempre merece ser olhado. A moça, naturalmente, gostava mais de ver passar enterro do que não ver nada. E se fosse ficar triste diante de tanto corpo desfilando, havia de estar bem arranjada. Mas por preguiça ou pela curiosidade dos enterros, sei lá por que deu para andar em São João Batista, comtemplando túmulo. Coitada!
De tarde costumava passear – ou melhor, "deslizar" pelo cemitério, mergulhada em cisma.. Olhava uma inscrição, ou não olhava, descobria uma figura de anjinho,  comparava as covas ricas às covas pobres, fazia cálculos de idade dos defuntos... E foi assim, uma tarde, que ela apanhou a flor...  Uma flor qualquer. Margarida, por exemplo. Ou cravo. Apanhou com esse gesto vago e maquinal que a gente tem diante de um pé de flor. Apanha, leva ao nariz ,depois amassa a flor, joga para um canto. Nào se pensa mais nisso.Se a moça jogou a margarida no chão do cemitério ou no chão da rua, quando voltou para casa, também ignoro.  O certo é que já tinha voltado, estava em casa bem quietinha havia poucos minutos, quando o telefone tocou, ela atendeu.
– Aloooô...
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?

A voz era longínqua, pausada, surda. Mas a moça riu. E, meio sem compreender:
– O quê?
Desligou. Voltou para o quarto, para as suas obrigações. Cinco minutos depois, o telefone chamava de novo.
– Alô.
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
Cinco minutos dão para a pessoa mais sem imaginação sustentar um trote. A moça riu de novo, mas preparada.
– Está aqui comigo, vem buscar.
No mesmo tom lento, severo, triste, a voz respondeu:
– Quero a flor que você me furtou. Me dá minha florzinha.
Era homem, era mulher? Tão distante, a voz fazia-se entender, mas não se identificava. A moça topou a conversa:
– Vem buscar, estou te dizendo.
– Você bem sabe que eu não posso buscar coisa nenhuma, minha filha. Quero minha flor, você tem obrigação de devolver.
– Mas quem está falando aí?
– Me dá minha flor, eu estou te suplicando.
– Diga o nome, senão eu não dou.
– Me dá minha flor, você não precisa dela e eu preciso. Quero minha flor, que nasceu na minha sepultura.
O trote era estúpido, não variava, e moça, enjoando logo, desligou. Naquele dia não houve mais nada.
Mas no outro dia houve. À mesma hora o telefone tocou. A moça, inocente, foi atender.
– Alô!
– Quede a flor...
Não ouviu mais. Jogou o fone no gancho, nervosa. Mas que brincadeira é essa! Irritada voltou aos seus afazeres. Não demorou muito, o telefone tocou  outra vez...
– ALÔ!

– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?

– Essa é fraquinha. Não sabe de outra?
– Você tem que dar conta de minha flor, retrucou a voz de queixa. Pra que foi mexer logo na minha cova? Você tem tudo no mundo, eu, pobre de mim, já acabei. Me faz muita falta aquela flor.
Irritadíssima, a moça  desligou. Mas, voltando ao quarto, já não ia só. Levava consigo a ideia daquela flor, ou antes, a ideia daquela pessoa idiota que a vira arrancar uma flor no cemitério, e agora a aborrecia pelo telefone. Quem poderia ser? Não se lembrava de ter visto nenhum conhecido. Certamente se tratava de voz disfarçada, mas tão bem que não se podia saber ao certo se de homem ou de mulher. Esquisito, uma voz fria. E vinha de longe, como de interurbano. Parecia vir de mais longe ainda... Você está vendo que a moça começou a ter medo.E aquela  noite ela custou a dormir. E daí por diante é que não dormiu mesmo nada.Sempre a mesma hora o telefone tocava...
– Alô.
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
A voz não ameaçava, só implorava. No quinto ou sexto dia, ouviu firme a ladainha da voz e depois passou-lhe um sermão...
– Alô.
– Quede a flor que você tirou de minha sepultura?
- Olha aqui , seu desocupado! Deixe de ser imbecil e acabe com essa marmota senão irei tomar as minhas providências...
A providência consistiu em avisar  o pai.
O telefone tocou novamente e ...
– Alô!
– Quede a flor  da minha sepultura?
- Ora, seu  infeliz! Vá bater uma enxada ou lavar uma trouxa de roupa e  deixe minha filha em paz !
Pelo telefone, o pai  disse as últimas à voz suplicante. Estava convencido de que se tratava de algum engraçado absolutamente sem graça...Mas xingamentos não adiantavam! Era preciso usar o cérebro...  Indagar, apurar na vizinhança, vigiar os telefones públicos, perguntar a todo mundo... Infelizmente, nada adiantou! Como descobrir então? Claro que a moça deixou de atender telefone. Não falava mais nem com as amigas. ..Isso durante quinze dias, um mês...sei lá. O pai  não queria escândalos, mas teve de queixar-se à polícia.
– Mas é a tranquilidade de um lar que eu venho pedir ao senhor! É o sossego de minha filha, de minha casa. Serei obrigado a me privar de telefone?
Ou a polícia estava muito ocupada em prender trombadinha, ou investigações telefônicas não eram sua especialidade – o fato é que não se apurou nada...
E a voz sempre mendigando a flor...
– Alô.
– Quede a flor  da minha sepultura?
E a moça a cada dia que passava ia  perdendo o apetite e a coragem. Andava pálida, sem ânimo para sair à rua . Quem disse que ela queria mais ver enterro passando? Sentia-se miserável, escravizada a uma voz, a uma flor, a um vago defunto que nem sequer conhecia. Porque nem mesmo se lembrava da cova de onde arrancara aquela maldita flor. Se ao menos soubesse...O pai resolveu então ir ao cemitério com a filha e colocar flores nas sepulturas...Mas a "voz" não se deixou consolar ou subornar.
– Alô...
– Quede a flor  da minha sepultura?
Nenhuma outra flor lhe convinha senão aquela, miúda, amarrotada, esquecida, que ficara rolando no pó e já não existia mais. As outras vinham de outra terra, não brotaram de seu estrume .Flores, missas, espiritismo ... o que será   que adiantaria?
O pai jogou a última cartada.. Descobriu uma mãe de santo  fortíssima, a quem expôs longamente o caso, e pediu-lhe que estabelecesse contato com a alma  desencarnada . Compareceu a inúmeras sessões, mas os poderes sobrenaturais se recusaram a cooperar. E a voz continuou, surda, infeliz, metódica...
– Alô.
– Quede a flor  da minha sepultura?
Se era mesmo de vivo seria de alguém que houvesse perdido toda noção de misericórdia; e se era de morto, como julgar, como vencer os mortos? De qualquer modo, havia no apelo uma tristeza úmida, uma infelicidade tamanha que fazia esquecer o seu sentido cruel, e refletir: até a maldade pode ser triste...
– Alô.
– Quede a flor  da minha sepultura?
Não era possível compreender mais do que isso. Alguém pede insistentemente uma certa flor, e esta flor não existe mais para lhe ser dada...
– AlôôôÔÔ.
– Quede a flor  da minha sepultura?
 Foi demais para a pobre moça...  E a voz?  A  voz... nunca mais pediu...
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sapinhos23CONFIRA ABAIXO A FICHA TÉCNICA DA DRAMATIZAÇÃO :

Personagens :

ALMA PENADA - Mirian ( Vice-diretora)
MOÇA - Maria ( Agente de Informática )
PAI DA MOÇA - Geraldo ( Porteiro "faz tudo" )
MÃE DE SANTO - Daniela ( Aux. de Secretaria)
POLÍCIA - Magno ( Guarda Municipal)
FIGURANTES ( "Hora do cortejo fúnebre" ): Sara , Mateus e Marcela .
CONTRA-REGRA : Eliane ( Aux. de Biblioteca)
NARRAÇÃO ,SONOPLASTIA E DIREÇÃO DA PEÇA : Cristina ( Coordenadora )

ALGUNS MOMENTOS DO EVENTO:

Mirian, Maria, Cristina, Eliane, Geraldo e Daniela felizes com o sucesso do Projeto...


Mirian  e Maria ( "Alma Penada"  e a" Moça ") em clima de amizade...(?)rsrsrs

Mirian, Magno, Maria e Daniela fazendo pose...


Detalhes do cenário...




Claudia Sanches ( professora da EJA afastada temporariamente da EMRCV a serviço da SMED) : Convidada especial !
 


Figurante 1 : Sara








                                  Figurante 2 : Mateus




Figurante 3 : Marcela
.Cartão entregue aos alunos como lembrança :


                       Emoticon EngraçadoEm breve teremos mais...
















4 comentários:

  1. Cês tão chique dmais da conta hein... Grazi

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  2. Elza profª 2º ciclo22 de maio de 2012 às 14:48

    Que legal pessoal!!!! Eu perdi a peça. Na próxima quero sr informada viu???

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  3. Valeu, garotas! Pode deixar que guardaremos a 1ª fila pra vocês! Beijão.

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  4. Que lindo! Ficou tudo nota 10. Beijos

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